Minha vida continua um caos, eu me declarei para uma pessoa que eu realmente achei que fosse a pessoa certa, alguém que participou de momentos únicos da minha vida, que se tornou meu amigo, meu companheiro e ele pareceu brilhar para mim. Em seu aniversário (dia 29 de julho) decidi escrever-lhe algo e fazer-lhe uma surpresa, mas tudo o que eu descobri era que ele gosta de outra pessoa e que ele jamais poderá me dar uma chance.
Ironia? Talvez, mas o destino não me quer muito bem, ele sempre quer me deixar sozinha e eu estou aceitando isto... Pois na vida terei muito mais amores platônicos do que amores de verdade e eu preciso aprender a ponderá-los para não sofrer tanto, sabe? Ser como as águas de um rio, elas sempre correm, nunca voltam para trás, e assim é a vida. Ela é curta demais para eu sofrer por quem não me ama e não me quer... E no mais, vou levando... Vou levando! Está cada vez mais perto o congresso onde publicarei dois artigos e farei comunicações coordenadas, não sabem como isto me consola... E talvez eu comece a escrever um terceiro em breve! Quando forem publicados, posto aqui para vocês!
No mais, tenho voltado a trabalhar naquele meu livro... Lembram-se? Tocada pelas sombras, e se um dia esta história se tornasse uma adaptação cinematográfica, penso que Zooey Deschanel seria a minha Euvira perfeita! Ela é doce, meiga e tão bonita quando imaginei Euvira. Mesmo que muitas vezes em meu imaginário, Euvira era eu mesma... Em todas as minhas angústias! Posto aqui agora, algumas fotos da Zooey em que realmente me lembrou Euvira e um trecho do livro:
Eu amo a cor dos olhos dela, e
gosto muito do seu jeitinho meigo!
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4.
Euvira: Amigos.
Eu não podia acreditar que um garoto
lindo e perfeito pudesse ser tão fraco! Aquela mulher, sua mãe, estava
estragando sua vida e ele nem reagia em relação a isso, apenas aceitava!
Voltamos para dentro do seminário em
silêncio, ele sabia que eu tinha razão, mas parecia nem ligar para o que isso
significava. Depois de deixá-lo na sala do padre Régis eu caminhei devagar para
o meu quarto, o sol estava se pondo e o reflexo dos pequenos raios de sol
enfraquecidos me fizeram perceber que a vida é algo tão imprevisível... Até
algumas horas atrás nada de novo havia na minha vida sem graça e agora eu
estava me preocupando com um garoto que nem ao menos tentava fazer a sua vida
valer a pena.
Por um momento eu pensei na garota que
ele amava, Mariana se bem me lembrava. Como ela se sentia em relação a isso?
Porque se tivesse acontecido comigo, acho que eu não suportaria, ainda mais se
fosse alguém como Luigi. Sabia muito bem que não deveria, mas ele realmente era
lindo demais para ser um padre. Não que os padres tivessem que ser sempre
velhos de aparência modesta, mas achei que estava acostumada com o padre Régis
e por isto não conseguia ver Luigi daquela forma.
Cheguei em meu quarto e simplesmente me
joguei na cama, minha mente era um turbilhão de pensamentos desordenados que me
fazia pensar que eu estava ficando louca. Fiquei largada na cama por pelo menos
umas três horas e quando percebi já estava escuro lá fora, então aproveitei
para ir até a minha árvore favorita para ler um pouco, sim eu amava ler
debaixo de uma árvore centenária que havia nos arredores do seminário e sempre
fazia isto a noite porque de fato era a minha hora favorita do dia.
Quando eu já estava bem próxima
jurei ter visto algo se movendo, mas como o vento soprava forte naquela
noite, deduzi que era apenas um galho se movendo e continuei andando, mas aquilo
se moveu novamente, o que me assustou imensamente. — Quem esta ai? — Uma voz
forte perguntou, saltando uma figura esguia de trás da árvore logo em seguida o
que me fez tropeçar de medo. Mas então percebi que era apenas Luigi Vallissari,
e isto me aliviou de uma forma que eu não poderia explicar jamais.
— Eu é que pergunto, o que o jovem
padrezinho faz tão tarde fora do seu quarto? — Tentei fazer minha voz soar mais
confiante do que eu realmente era apenas para impressioná-lo, de fato ele havia
me assustado, mas eu não demonstraria, ainda mais depois que já havia me
recomposto do pequeno desequilibrio que tivera.
— Oh! — Ele exclamou. — È você Euvira,
desculpe-me, eu te assustei? — Ele perguntou com um tom de foz fraco, a
tristeza se refletia nele todo o que me fez por um momeno sentir pena.
— De maneira alguma. — Menti. — Eu pensei
que era o vento batendo nos galhos, acho que uma chuva forte vem por ai. — Ele
escutou-me, parecia realmente prestar atenção e então começou a rir dizendo em
seguida:
— Claro, com certeza os galhos saltariam
na sua frente! — O riso dele me deixou imensamente feliz, pois eu não sabia
exatamente o porquê, mas a tristeza dele me afetava de uma forma que eu não
sabia explicar. — Realmente parece que vai chover, e você está parada ai
sem roupas quentes? Não está com frio? — Perguntou, parecendo tão prestativo e
preocupado que me fez sentir um leve arrepio percorrer o corpo todo.
— Eu gosto do frio, mas hoje realmente
está mais frio que o normal daqui. — Sorri, me aproximando um pouco mais para
poder observá-lo melhor. — Quando eu sai de meu quarto não percebi que estava
assim tão frio.
Então olhei-o nos olhos, gostava de fazer
isso e então me sentei no tronco da árvore e ele quase que automaticamente se
sentou ao meu lado, pegou o livro de minha mão e abriu mais um sorriso,
daqueles que me fazia sentir as pernas tremerem.
— O alienista? — Ele pareceu surpreso e
eu com certeza deveria ter corado, pois senti minhas bochechas em chamas.
— Sim, qual o problema? — Perguntei,
botando as mãos no meu colo.
— Nenhum. — Ele disse calmamente. — Eu
gosto muito desse livro, mas prefiro memórias póstumas de Brás Cubas.
— Interessante, eu também gosto muito...
Machado de Assís é um gênio! — Para mim aquela cena parecia inacreditável! Eu
estava falando sobre literatura com Luigi!
— Sim, realmente. — Ele se aproximou um
pouco mais de mim após concluir sua frase e eu me senti absolutamente nervosa,
meu coração ficou ofegante e eu não conseguia desviar os olhos do dele nem por
um segundo. Mas foi então que ele apenas tirou seu casaco e cobriu meus ombros
em um gesto protetor dizendo com o mesmo tom de voz sério de anteriormente. —
Você parece sentir mais frio do que eu, vista-o.
— Obrigada. — Respondi abaixando o olhar,
eu jurava que ele iria fazer qualquer outra coisa com aquela aproximação,
mas... — Juro que devolvo seu casaco de marca depois e do mesmo jeito que o
peguei.
— Nossa! Você reparou na marca do meu
casaco? — Ele perguntou parecendo um tanto surpreso e começou a rir, era tão
lindo que senti uma alegria encher-me por completa.
— Para um padre você se veste como um
modelo de passarela. — Revirei os olhos tentando justificar-me.
— Modelo? Eu? Nunca! Qual é garota... —
Ele passou as mãos pelos próprios cabelos de uma forma que transbordava charme,
meio desconcertada disse rapidamente.
— Eu sei... Da mesma forma que acho que
não deve ser padre nunca. É atraente demais! — Quando vi as palavras já haviam
saltado de minha boca e então mordi os lábios ruborizando de vergonha, ele
ficou sério por um momento, mas então me olhou e começou a rir de novo.
— É mesmo? Eu sou? — Olhei-o e tudo
o que eu via era um rapaz normal, que eu poderia ter conhecido em qualquer
outro lugar, mas não... Tinha de ter o conhecido no seminário!
— Fala sério. — Disse colocando uma mexa
de cabelo atrás da orelha. — A igreja vai encher de fiéis no dia quem você
estiver no altar! — Eu sorri descaradamente quando a imagem das moças da cidade
suspirando na missa e Luigi todo envergonhado no altar com a batina do padre
Régis veio a minha mente. Ele me olhou um tanto assustado e vi quando sua face
ficou completamente vermelha.
— Isso é desconcertante! Eu não sou essa
pessoa maravilhosa que você descreveu!
— Eu não descrevi, eu estou vendo! —
Disse mirando os olhos dele.
— Realmente... Você me acha isso tudo? —
Ele perguntou de forma natural o que me obrigou ser muito franca.
— Você parece bastante atraente para mim.
— Eu não conseguia acreditar em minhas próprias palavras... Eu só poderia estar
maluca!
— E como você me vê? Para me achar tão
atraente? — Ele fitou os meus olhos de uma forma que o fazia parecer inocente e
ao mesmo tempo muito sábio, o que me fez estremecer por completa.
— Sem te conhecer o bastante
interiormente, eu diria que você é extremamente lindo, olhos claros, cabelos
escuros... — Conforme fui apontando tudo o que via ele foi fazendo um ar de
riso, mas eu não parei. — Uma boca sedutora, uma pele branca, mas ao
mesmo tempo com um leve tom de dourado... Um e setenta e oito de altura, parece
um modelo sim! Mas ao mesmo tempo... — Percebi que ao eu prosseguir o sorriso
foi morrendo nos seus lábios e ele simplesmente esperou que eu terminasse. Após
um longo suspiro acrescentei. — É um bonitão burro!
— Burro? — Perguntou-me um tanto
desconcertado. — Por que burro?
— Porque você é burro o suficiente para
aceitar uma vida que não pode escolher. Você aceita ser manipulado. — Disse
revirando os olhos um tanto triste com minha própria frase, ainda não conseguia
entender o motivo dele temer tanto a mãe que tinha.
— Por favor, não comece. — Pediu-me
impaciente, percebi uma leve irritação perpassar por seu rosto e então tentei
me explicar da melhor maneira possível.
— É só que eu estou tentando te
entender. — Relaxei a postura por um instante tentando encontrar as palavras
certas. — Se você amava a Mariana, por que você não foi capaz de desistir de
tudo e ficar com ela?
— Você sabe porquê, eu já te falei. — O
tom de sua voz agora era bastante rude, eu sabia que não deveria ter chegado a
este assunto, mas simplesmente não conseguia resistir, minha vontade de
descobrir os seus motivos se afloravam de forma intensa, pois era defensora do
amor, sempre acreditei que era o único sentimento que realmente valia a pena,
mesmo que muitas vezes nos fizesse sofrer.
— Mas isto não é uma boa justificativa. O
amor é muito importante, mais do que tudo o que temos! Mais do que obedecer a
ordens de uma mãe que não entende seu próprio filho.— Alfinetei-o, eu sabia que
ele estaria me odiando naquele momento, mas eu não iria parar... Quem sabe eu
conseguiria abrir os olhos dele para que desistisse daquilo e fosse em busca de
seu grande amor para realmente ser feliz.
— Você parece ter uma grande necessidade
de amar, não é? — Ele perguntou olhando para os próprios pés, eu fiz o mesmo
respondendo um tanto sem graça.
— De certa forma sim, eu ainda acredito
no amor. Ele é um dos poucos sentimentos em que eu ainda creio. — Dei um longo
suspiro que resultou em uma pausa muito desconfortável, somente podíamos ouvir
o vento rufando nas árvores e a nossa própria respiração. Por fim completei. —
Eu sonho com o dia que serei amada de verdade por alguém.
— E o rapaz do táxi? — Eu realmente não
esperava por aquela pergunta, de tudo o que ele poderia me dizer, não eu não
esperava, um tanto confusa perguntei novamente.
— O que tem ele? — Ele me olhou como se a
sua pergunta tivesse sido clara o suficiente e então ao perceber a confusão em
meu rosto começou a falar um pouco desconcertado.
— Bem, eu achei que vocês estivessem juntos.
Principalmente pelo jeito que ele te olhou.
— Não! — Disse eu começando a rir, o modo
como ele havia falado realmente tinha sido muito engraçado. — Alex é ao meu ver
um rapaz muito bom. Nos conhecemos durante a ida até a rodoviária para
encontrá-los. Ele disse que sou bonita, e bem o padre Régis deixou a entender
que eu me pareço com a minha mãe, que tenho a mesma beleza incomum e refinada
dela. — A minha voz de certa forma expressou um orgulho que eu não sabia
existir, as palavras de padre Régis de fato haviam mexido muito comigo, eu
ficava tentando mentalizar os meus pais, pensava neles quase o tempo todo,
mesmo que a verdade fosse realmente dura demais.
— Espera, ele conheceu a sua mãe? — Luigi
parecia extremamente confuso, e para falar a verdade até mesmo para mim ainda
era bastante confuso.
— Ele tem certeza de que conheceu sim. —
Sorri, na verdade eu não tinha muito o que dizer.
— Ah, me explique melhor porque agora eu
fiquei perdido. — Ele disse com um tom de voz muito gentil.
— Ele disse que uns meses antes de eu
nascer um casal se mudou para cá, eram poloneses. Tinham hábitos incomuns,
praticavam coisas do tipo rituais de magia negra. — Ele estremeceu quando
pronunciei as últimas palavras e elas também me assustavam muito. — O padre tem
certeza que os góticos eram meus pais por causa do sobrenome. Mas eles foram
embora e me abandonaram em uma noite chuvosa e o padre me achou sendo arrastada
por um cachorro no pátio do seminário, ele me socorreu e eu estava toda
ensanguentada. — Parei, era difícil conseguir terminar, ainda mais por saber o
que havia acontecido depois. — No meu corpo pequenino estavam marcadas as
palavras “a nossa filha vinda de todo ódio que temos, dedico seus dezoito anos,
deste não passará. A virgem que colocamos no mundo, sua alma nos dará.”
— Nossa! — Foi a única coisa que ele
conseguiu dizer e eu mesma fechei os olhos para não ver a expressão que ele
poderia estar fazendo. Um calafrio fez com que meu corpo todo estremecesse.
— Eu sei que é horrível! Até hoje eu
tenho cicatrizes... — Não consegui me conter, as lágrimas rolaram pelos cantos
dos meus olhos, era muito difícil falar sobre aquilo, muito mesmo. Ele ficou
sensibilizado ao vê-las rolando pelo meu rosto, me puxou para junto de seu
corpo e me abraçou carinhosamente e por um momento eu me senti confortada.
— Não fique assim. Agora eu entendo parte
de sua preocupação comigo e me desculpe por antes, você não precisa falar mais
nada! — Sua voz era baixa, mas o suficiente para me trazer um pouco de paz.
Ele continuou me apertando forte como se
estivesse tentando me manter inteira. Depois de mais um minuto eu me soltei de
seus braços e me coloquei em pé em questão de segundos tentando limpar meu
rosto.
— Eu vou para o meu quarto. — Disse
enquanto tirava o casaco dele. — Fique com seu casaco e obrigada por me ouvir,
também me perdoe por te chatear com as minhas perguntas. — Estendi-lhe o casaco
tentando não olhar em seus olhos.
— Tudo bem, está tarde mesmo. — Ele
sorriu pegando o casaco de minhas mãos e tornando a colocá-los em meus ombros.
— Fique com isso, você pode pegar um resfriado.
— Obrigada! — Disse voltando a colocar os
meus braços no casaco, ele era muito quente e eu realmente sentia muito frio.
— Mas antes de ir... Posso te fazer uma
pergunta? — Ele disse antes que eu pudesse me afastar o suficiente.
— Claro, claro que sim. — Respondi
sorrindo fracamente.
— Já somos amigos? — Ele pareceu
extremamente sem graça com sua pergunta, mas em meu rosto um sorriso muito
feliz surgiu, Luigi era incrível e eu não poderia lhe dar uma resposta
diferente.
— Eu acho que sim! — Mordi o meu lábio e
então olhei para o céu escuro e disse quase que em seguida. — Bem eu preciso
ir, boa noite amigo!
(Letícia Godoy)
oi gostei^^
ResponderExcluirQue triste :( Mas uma hora vc vai encontrar alguem... aconteceu cmg.
ResponderExcluirNossa que história forte e um pouco triste, né!
ResponderExcluirAbraços,
Revolução Nerd
http://therevolucaonerd.blogspot.com.br